saindo do buraco cavado no fundo do poço
passo a passo, eu me encaixo, eu me acho, eu me acompanho
solene, soturno, perene
eu me desenlaço do ritmo que fora minha marcaçao
nao sou tarde, nao sou arte, nao sou martir, sou nao mais que propagaçao
de mim mesmo, que me arde, que me ate, que inaugura outra pegada no chao
de si mesmo, nao me espere, que me tape, a boca, a nuca, a pele, a mao
vou pra longe, pra bem longe me banhar d'outros cheiros que nao me reconhecerao
vou pra sempre, vou amiude, vou a galope, montado no sopro do meu coraçao
sou saveiro, sou corsario, sou emissario a espera de documentaçao
sou pra ontem, sou pra tarde, que uma noite me invade em cadencia de perseguiçao
sou valente, sou canario, que aproxima o canto de uma berraçao, de olhos vazados, de assum preto
sou proveito, sou otario, sou caminho e retardatario dos descaminhos que por mim, esvaecerao
sou do povo, jorro em vazos, bebo dos tragos que se queimam e se dao
sou praieiro, sou montanha, que remove as aguas indo e vindo do mar, ou dragado pelo chao
saindo do buraco cavado no fundo do poço.
Bruno Mendes
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