sexta-feira, 16 de novembro de 2012

observaçoes sobre a poetica



Me disseram melancolica minha poesia
Bem  souberam rascunhar a parabólica que dita
Tendência, moda, incomoda, absurda
Absurdos como começar a transcrever o que sinta

Transcrevo nos meus versos a força, a fúria, a luxuria, a mania
Mania  de escrever em palavras o que te formou tinta
Para desenhar na parede a falácia, do que se trata o tempo, para fechar feridas
Elas ficam abertas, e as palavras jorram, donde se dá a cura

A cura do amor, ou do desamor, que nos permite sublima-lo em versos
E das faltas, ou dos excessos que jorraram lastimas, onde jazeriam
E na empáfia de narrar o que sinto, me debruço a escrever e curvas

Linhas turvas pra esquecer e luzes
Inícios de túneis, donde desemboca-se onde quer com passos na direção
E rastros de amor deixados pra trás, que sempre voltam, num sorriso, num adeus, numa lagrima .

Vou dormir. Insueños. Réquiens. Amém. Amem.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Um maço e poucas doses




Um ultimo maço de cigarros.
Umas únicas  doses de porre.
E as doses de culpa?
Vou vivendo
Bem a gosto do cliente.
Eu me rendo.
E se eu revolto ao cais, não me devoto
Eu assumo.
Gota a gota descartada no frasco
Eu destilei as ilusões
E acertei o teu perfume
Outro assunto
As rosas não falam e exalam as gotas no frasco
Como se estivessem densas: teu perfume
Que basta abrir a tampa do frasco
E entorpecer
E fumar ate o talo meu ultimo maço de cigarros
Como se fosse o ultimo
E me sentir embriagado de porre, mas de poesia
Eu presumo
Que tenho muito a desdizer e compras
Pra corroborar com a sabedoria dos mais sábios
E reclamo meu trono de me recolher
No fundo das matas
No fundo das bocas
O que fica por dizer e falta
Alguma coisa sempre pra escrever
E pautas, pra não entortar a linha do escrever
E sumulas.

virar do avesso




Quando me sinto do avesso
Outros surgem: fantasmas, medos, desejos e inquietudes
Outros fogem: armas, dentes, palavras, nervos e músculos
Outros sustos

Se me viro do avesso pra tentar entender o que abrigo
Não me aproximo, silencio, reluto, fujo
Fujo quando não da pra encarar a fera que me habita o escuro
Outro muro

Ao me despir de mim mesmo e refletir meu escuro
Outras luzes: brancas, azuis, verdes, amarelas, vermelhas, enxergo difuso
E me apropriar desse avesso é o que virá a me dar prumo, noutro rumo

Sensações e alardes, talvez, que ainda não mostram seus rostos
E me viram do avesso mesmo quando não estou no meu turno
Não adianta virar pelo avesso o preto do luto que não te foi fundo, se revira, e o avesso do avesso é que se torna futuro.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

DESESPERO DO REQUIEM





Onde estás que não me acompanhas?
Onde vais que não me dás conta?
Onde estás que não moves montanhas?
Onde vou, carrego comigo a empáfia de embalar a vida

(Mas de que vida falamos? Que não se adianta, aproxima ou reclama?)

Quero embalar-te até não poder mais
Quero levar-te onde passos não alcançam
Quero calar-te onde não contam crias
E deixa-lo criar mesmo que jorrem gotas de sangue frias

Na luta do dia a dia mortificar poesia
No acalanto do noturno soprar o sol de cada dia
No pranto que não remanso até sedar a magia

Na fuga de qualquer canto entregar monotonia
Na fúria de tantos danos espantar melancolia
Na ânsia de muitos anos esperar-te é minha acolhida.

domingo, 28 de outubro de 2012

Réquiem do desespero



Assombroso
O repouso em permuta que não é silencioso
Pavoroso
O retorno da conduta de entregar-se ao tempo como tudo fosse novo
Um estorvo
E recomeça na labuta o medo, o dom e o fogo
Perigoso
Pra quem não sabe a chama de arder-se por não poder enaltecer-se
Por não conseguir encarcerar-se entre paredes e grades e muros e jogos
Fantasiosos
De atravessar a tez e a rua e não largar a fúria de acordar de novo
Noutro poço
Posso dizer quem sou  quando embalado num sonho e risonho
Num tormento doutro douto
E fatigar a espera contínua de adormecer sem ter por perto o outro
Que me roubo
E me lanço em vez de à luta à paz que abunda e me emana feito calor
Onde estou
Que não sei , não durmo, não levanto, não vivo, não grito e não morto
Me absorvo
Palavra que sai em vez de rima
Cavalgada que já não é tanto
E me espanto
Espanto pra la as sinas que me carregam e me velam com canto
Mas de mim não diz tanto
Digo agora que vou correr  mundo acima e acender velas pros santos
Acalantos
Cala cantos que inervam a pele que habita
E que não recita
O meu próprio pranto.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

abrigo



Hei, amigo, onde vais?

Vou me buscar pra la de la bem longe
E pra que voltar?
Sigo as setas, dobro as retas
Acho certas contas
Acerto as contas
dos caminhos a voltar

Me retirar esconde o que há de mim
se retirar esconde o que há de si
E não me verba, e nao te verbará
E ver os olhos rasos d’água
E soltar flechas como pedras nessas águas
Que insistem em te rodear

Amigo, sabe que o andar exige tréguas
Exibe paralelas que só servem pra cruzar
E que rusgas mais vais querer carregar
Bota esse peso no caminho e deixa o mundo te respirar

Pra que? Pra entorpecer de virgulas incertas
Pra deturpar as falas como rezas
Pra emudecer o que ainda tenho pra falar

Então fala
Solta a voz numa canção
Exala
Exílio íntimo não tarda perscrutar
escrutinio talvez seja o que eu diga
E a sílaba que muda é a que vai mudar

Ainda me resta pouco a pouco, gota a gota uma falácia
Que ainda me pego olhando a vida de pirraça
Contrariando o que não cabe nessa cela
De rimas fáceis, de caminhos que não leva
De muita coisa ainda tenho pra contar

Então me conta
Então me ilude com a linguagem descoberta
Quero saber por quanto tempo ainda resta
Esse meu verso que não tarda me será

Miséria
Inda é tão pouco que não cessa
Arrasta os dias, vai olhando pelas frestas
Fazendo festas para quem só sabe olhar


Espera um pouco, vê se me conta esse contato tão contigo
Cabe na linha o azul tão derretido
A tinta e a folha também podem ser abrigo
Borram, vem logo, me abrigar.



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Todo Dia


 

Contas pra pagar, dinheiro pra pagar as contas
Dinheiro pra depositar e espalhar notas de gentileza
Chave no bolso para as portas fechar, e abrir
Fone no bolso pra comunicar com quem quer que queira me ouvir

Passos e esquinas para atravessar
Barulhos, silêncios, pra me confundir
Jornada, turno, abaloar
Da minha tarefa, que não tem sono

Vou e volto sem pestanejar
Nas minhas próprias cordas em que não me enforco
Uso-as para esperarem por socorro

Não corro, caminho, e a paisagem é que me escolhe
Vou na rua, na lua, na escola e no ponto
Digo ponto de cartão de ponto, trabalho, e pontuo agora, lá evem o ônibus.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

permuta


 
O que eu ainda não sei é o que há de correr para mim
Me abraçar como numa dança sem movimento, sem escape, sem fuga
O que eu ainda não sei é o que ainda não deixei de querer
E enfeitar a sala com o vazio do que virá, sentado em pose de rei

O que me lasca não é pedra, não é ponta, é tortura
O que me basta é o que arrepia a pele, o corpo, a luta
O que me resta é o grito que silencia meus segredos
E que ninguém escuta

O que eu faço pra desdizer e de ser
Não é lobby, é labuta
Ardo comigo na chama do meu capricho que não chora, mas soluça

O que eu tenho não sei esquecer, nem dizer, nem sei tudo
De um extremo ao outro há mais clientes pra agradar que uma puta
Me dê logo outro verso pra recomeçar e trocar angustia por palavra, em permuta.

Memorial de perdas





Diz-se que se perde quando se vai alguém
Diz que o que se perde não é tal alguém
O que se perde é outrem
Distante do que já se teve ou teria em returno

Houve-se  o que se perde
Em palavras que ecoam de dentro
E o sol sempre em movimento
Incinera o amanhecer

Tudo escuro, nudez, silencio, grito, sou mudo
Se tentar me reconhecer com palavras que levam de mim o mundo
Acento, tom, ritmo, nuance do meu plano de fundo

Vê-se que o que perdeu não foi parte, não encaixou, deixou furo
Enxerga-se o dia e a noite com olhos trocados e cores , confusos
O relógio está andando pra trás e aproxima cada vez mais meu rascunho, do meu próprio punho.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

certas horas


Certas horas a gente se sente assim, sem saber mesmo o que explicar
Certas horas me custam
Me custam o sono e a paz que na fumaça procuro
E me curo
Do medo de ensandecer a qualquer custo
E de dentro do muro, eu disse de dentro, não de cima
Eu sinto a ingratidão do movimento, tão alheio à vontade
Parado profundo
Maquinando
Maquinando o dia em que florescer e poder se mexer
E respirar e ir à forra com tudo
E brotar no mundo
Pela semente que passarinho comer e arrotar pelos fundos
E habitar outros solos e dar adeus com as raízes, como as misses
E ventar no talho de um vento que te mandará um beijo sedento de reencontrar seu ponto de origem

Uffa... viagem longa, cansativa...

No ponto de origem que dê-se aos ventos e levem em seus talhos
Sedentos de reencontrar e habitar outros solos, outras plantações
Pele que habita a semente que vai plantar no chão a marcha do caminhar
E brotar no mundo
E forrar de cetim as gentilezas que movem montanhas
Barato profundo
Maquinando poder olhar pra trás e agradecer
Não alheio à vontade
O muro...
Que deu vontade de conhecer o que te tinha detrás e asseguro
O custo de ser igual é ensandecer e me imputo
O direito de dar ESC em algumas portas e pular pela janela...
Certas horas me impurram...

...

eu me deito
eu me durmo
eu me desoriento
eu me entrego à fantasia como quem se entrega a um regalo, a uma delicia
eu me sonho
eu me presumo
com meus olhos me abro e me acordo
e me levanto, e me bebo e me fumo
e me como, me consumo como que por inteiro
e me absurdo
e me ando e me chego e meus passos deixam o que eu nao me resumo
e me rumo
e me rumo para alem de onde de se pode imaginar
para onde o sol incandescente do qual emana o desejo eclode em luz tornando minha noite diurna
e me insuma
e me invento palavras pra dizer o que nao sei, e assim continuo
nao recuo
e me desmorono e me faço em pedaços, e ouço chico e insinuo
na pele o gosto do que carrego eu sei que no vento distribuo
e me assumo
nao sei o que dizer e digo e faço e vou fundo
me resumo
me trocando em miudos que dividem cada vez mais meu tamanho
e distoo
distoo pra comentar e acabar
e me leito
e me durmo
a noite está prestes a começar e ha sempre uma luz que oeste orienta
e me enxugo
saí do banho, catarse, correndo para escrever e me incluo
pra se entorpecer de me tantos e nao reclamar de porre como ja fizeram tanto
e disputo
disputo com o sono pra finalizar esta frase
sem ponto
vou dormir e que se dane o resto, entro agora em meu proprio mundo
de coisas suficiente pra enlouquecer uma vaca louca
e muuuuuu...

terça-feira, 3 de abril de 2012

Eu digo ao meu cachorro



Eu digo pro meu cachorro que, quando ele vier gente, pra não comer em demasia, se apreender de coisas saudáveis e amar as pessoas, ao longo do tempo, moderadamente, embora a cada momento de encontro nesse amor, que as ame, como se não houvesse amanhã.

Eu digo pro meu cachorro pra não ter pressa em ser gente, que gente cansa, porque abandona,  porque se cansa, como a gente, e desiste fácil, de construir algo, ainda mais se for difícil.

Eu digo pro meu cachorro pra respeitar as pessoas, sem reparar cor ou etnia, credo ou fantasia, sem olhar de onde vieram pra imaginar aonde isso vai dar.

Eu digo a ele, contudo, pra saborear a arte das palavras, tão enigmática, tão feroz que nos consome, no exercício do devir de representar ao que viemos... ao que somos... ao que nos propomos enquanto engenheiros sólidos das nossas pegadas ao ofusco do brilho de todas as manhãs, sempre muito mais belas do que eu posso criar. É frustrante não poder criar a vida, e saber que jamais, qualquer feito fará juz ao feito da criaçao. eu digo isso a ele.


digo a ele que salve o criador que carrega junto consigo, e crie com isso. e produza, as vezes, deixando os resultados a parte, a certo numero de passos pra nao contaminarem o seu fazer que fará tanto e no final, restará ainda tanto por ser dito ou feito.

Digo a ele que, através das palavras, amamos... amamos muito, e atravessamos seus significados pra acrescentarmos o nosso, como numa receita de bolo, a qual acrescentamos um pouco de  nós mesmos, numa quantidade que é segredo, particular, devastador.

Digo que de amor também adoecemos, a cada pedaço arrancado de nós, pelo tempo, pela saudade, pela morte, pela sorte... pela ilusão. E somos fáceis de trocar de amor... de paixões... mesmo nos casos dos mais loucos, desesperados do vazio fantasmagórico que recheia a imaginação de quem nunca sentiu-se amado...

Eu digo ao meu cachorro que evite os excessos, mas que se embriague deles quando lhe convier, e que abrace e diga aos amigos que os ama... isso é bom pra cachorro!

Eu digo a ele que, quando voltar, eu queria tê-lo como filho, e nossos abraços perdurariam por ai afora, no mundo das virtualidades que nos preenchem de estéticas, a perambular no tempo em fotos e vídeos de abraços e beijos, do primeiro sorriso,do primeiro banho, do primeiro passo, da primeira pegada, do primeiro tombo, do primeiro dente, do primeiro “papa, mama”, mas sobretudo, da primeira vez que me disser: “eu te amo!”, coisa que ele faz tão magistralmente, sem precisar dizer nenhuma palavra.

Eu digo aos poucos, pois nesse momento de gozo, de controlar meu destino e marcar encontro com o maior amor de toda minha vida, meu cachorro,  num futuro não muito distante, se pensarmos na extraordinariedade da linha do tempo, eu vos suplico:

- amem os seus cachorros, e não esperem deles que, nessa forma, repitam atos de ser gente, abandonando ou violentando com palavras, as mesmas que podem saborear ou devorar quem as assiste e se assiste delas com desejo sem freio.

E digo a ele pra vir brasileiro mesmo, que assim , poderá compreender através do seu dna, as significâncias da poesia que recheou esses versos, traçados em prosa, de olhos azuis que minha’lma acessam.

Preciso coxilar! - Bom coxilo, meu anjo.
Eu digo ao meu cachorro.



quarta-feira, 28 de março de 2012

O que me aflige



Do que me aflige, muito pouco tem de mim
Tem mais dos outros, minhas sombras sem fim
E me alegro ao sussurrar contra o vento
Palavras de remanso a consumir o meu lamento

Me aflige confiar nas pessoas e me entregar
Me aflige viver do jeito que tiver que dar
Me aflige o querer e o não querer confusos
Quando dou fé do agora que me agarra com tudo

Se tudo que secou tivesse brotado
Se tudo que brotou tivesse secado
Eu plantaria tudo outra vez, na terra fértil e impalpável do amor

Se nada adiantou dos erros do passado
Pra ensinar a não errar o erro de agora, que eu sei que mora ao lado, a um passo qualquer em frente
Eu desafio: - que atire a ultima pedra quem nunca enlouqueceu por ter amado.

o que me aflige é  o amor.

 Bruno Mendes

terça-feira, 20 de março de 2012

nomeando pedaços



Daquilo que em mim habita
Aos pedaços em mim ficaram
E os pedaços que lado a lado ficam
Apontam-se, despedaçados

Reúnem-se, então, a contento
Em meu contorno em que se resguardam
Vagueiam também em meu vago circulo
De repetições que eu próprio escavo

Se os pedaços que ficam, os limpo
Com meu próprio punho, a colá-los
Remontam aos poucos o conto antigo, e entalham a primavera que tardo

Mas de uma coisa estou certo e repito
E meu caminho é o mesmo traço
Inscrever o verbo em substantivo, pra nortear o que "sinto", e não "cala-lo", "nomeá-lo". 

Bruno Mendes

domingo, 18 de março de 2012

esse Meu jeito de amar




Meu jeito de amar é enviesado pelo meu jeito de ser
Esse Meu jeito de ser delirante
Esse Meu jeito de ser cativante
Meu jeito de me descobrir quando me escondo

E sigo em frente
Mascarado, ancorado em coisas que me vestem o peso do mar
E esboço meus poemas na insolência de remar a ermo
Quando faço do meu verbo, o sintoma ao invés de mim

E poesia também é enviesada, trespassada, enfeitiçada por não ser
mais que o jeito de ser do poeta
enviesado no mar de escrever

dedico a poesia à alma dos sujeitos que encarnam
o amar e o perder do poeta
quando psicografados  no papel ou teclado, d’onde se calam.

Bruno Mendes

sábado, 17 de março de 2012

lugar qualquer que nao exista um pensamento em voce

eu tento acabar o que sinto
mas nao adianta, eu sinto, e incluo
um voto de silencio pra deixar correr, mais solto
mas nao adianta, ate no silencio, eu me escuto
e escuto passos ao meu redor
e escuto coisas ao meu redor
que me dizem
e eu nao me recuso
ouvir de mim, vir de mim o que eu mesmo concluo
deixar palavra  que é posto que é chama
chamar pra ca o que falta e proclama
o que eu tento desabafar
mas nao mesmo, adianta
adiantasse os passos pra percorrer
adiantasse as horas para viver
adiantasse as rotas para encontrar
um  lugar qualquer
no seu ninho, me acomodar
se acomoda nao, vem pra ca
no meu braço tem sempre lugar
e no peito eu reservo uma vaga
pra voce que inda está
e nao tarda será
.

Bruno


 

ACABEI




Acabei de beijar  o céu
Pra não beijar a terra
Por que tem gosto de pegadas
E eu não gosto
De mover a fabula do tempo
Recorrendo aos oráculos que sopram coisas
Quando eu estou em chamas
Ou gelado
E me arrepia o vento
E me fortalece as lagrimas da chuva
Que as minhas lavam
E Eu devoto
Tais palavras
Ao que houver de haver na vida
E me desloco do ungüento
Que me conformou, ate o ponto em que, porem, não me deixou escolhas
Não me permitiu gozar o excesso de coisas que eu sucinto
Quando estou em transe, e suspiro
Que o que houver de difícil eu me invoco
E ainda me deixa de certa forma opaco
Aquilo onde ainda me perco
Mas estou certo de ultrapassa-lo
Ao que pude ver nos meus sonhos, acordados
E não me importo de ficar por certo tempo gago
Com as palavras que escrevo
Quando eu descubro
Que eu quero aquilo que sempre me deteve, por ainda não ter
E apostei no amor como se fosse poker
Sabatinado pelas escalas de desejo
Que me jogam no rosto baldes
Daquilo que sempre me consome
Mas que me contive afastado
De coisas que não eram pra sempre
Mesmo sabendo que pra sempre é sempre por um triz
E que sempre acaba
Já dizem “os poetas”
E eu não discuto com os poetas
Eles estão sempre certos
Os grandes
Da soma de chico e vinicius de moraes e cazuzas,vieram essas certezas
Já que representam pra mim por eu não suportar dize-las
E que o medo de tudo dar certo, talvez
Que se perca na esquina ao lado
Da esquina do que será
E que se parte em extremos o que ainda vou ser
Pra perfumar com cheiro de amor pra empatar
A partida a vencer, chamada vida
Com licença, estou jogando, e a palavra é meu jogo de bola, minha brincadeira de criança da vez, e eu escrevo, como criança, confuso
Ainda que esteja em disfarce , pra me divertir contra o espelho
E ensaiar impávido o meu olhar de vencer
Vai pensando, que eu sou otário
E não lê minhas palavras pra ver
Lê e vê com as suas
E escuta aqui
Respeite bem os outros
Trate-os todos com respeito
Eu imploro
E façam com amor aquilo que discernir
Mas discirna
E vê se não concorda comigo num ponto
Em que o amor estava certo
Que só existe a possibilidade de cura nele, e ele se põe ao seu dispor, quando encontrado
E que o ser humano é sempre uma contingência de abrigos pra se defender, quando no estado de louco, ou de melancólico
E façamos ode a loucura
Já que elogio não pode ser
E que eu seja taxado de louco
Pra me sentir parte de um coisa única, que se da
Sem palavras
Nenhuma bastaria
E enxergar sem necessitar de óculos 3d
Do que o outro sofre
E o que ele quer me dizer
Mas não pode
Daí a gente planta cápsulas de arvores de gente nos guetos
De qualquer grupo que achar que está precisando
E eu ajudo
Na verborragia do meu bem querer
A mim mesmo e aos outros
Que chegaram ate aqui
Onde só falta você
E fiquem com Deus pra terminar em grande estilo
E desejos de boa noite, enfeitiçado pelas estrelas, a todos
Adeus chuva quando eu não escutar mais conscientemente seu lamento
Ao deitar no sono
Nos braços de Morfeu
Ou de quem quer que seja
Que me iluminará
Como ilumina o amor!
Me fará acender, e ascender
Às possibilidades
E que  guarde e que guie
A Todos que eu amei, do verbo amar  
Ao menos por um instante
E aos que desrespeitei quando da selvageria do caráter de amores hostis
E descontar na carne, esse acumulo, de coisas
Que vos trouxeram ate aqui, em minhas palavras
Que nem sempre sabem se dizer
Palavras de amor são retalhos  das coisas que aprendi nos discos
E adeus de novo, agora a vocês
Que desejam mais.
Boa noite.
E deixo as duas frases acima com ponto final
Foi um lapso
Um lapso do momento
Que de repente viu-se assim
Aberto
E sem sentinelas
E eu pude sentir a sensação de passar pela fresta
Que Ele abriu
Ele quem? E que frestas são essas?
Frestas assim como estas
Que certas canções deixam
Que falam de amor
Frestas pro céu e pro inferno
Festas pro inferno e pro céu, tempestades, ate o ultimo ato
Aqui, de escrever
E eu as acho, pelo cheiro, as portas
Que eu comecei dando beijo no céu
Mas sinto o cheiro da terra, fértil
Pelas narinas
Que me misturam as almas de tantos elementos
Como a noite e seus encantos
Agora chega
Fiz o que pude
Pra chamar sua atenção amor
Mas não foi o bastante
E vou esperar só voltar a internet
Pra prostrar no mundo
Aquilo que ainda vou ler
E reler
Varias vezes
Sempre repetindo
A obsessão de encerrar, a palavra
E encerro
Fiquem com Deus, ou com Deuses
E se deleitem
Osso é não enlouquecer contaminado da piada que é a vida
E se levar tão a serio
Que ate pra acabar um poema
Tem que viver um problema
De adestrar essa fala sedenta
E dizer a ela
Va com Deus
E me traga tudo que eu preciso
Para ser feliz
E me faça instrumento de sua facilitação
A cada dia
Rogai por nós escritores
Uma Virgem Maria com o poder de estalar os dedos e me dar
No rocio* que invento pra deixar rolar solto
E só acabar quando quero
E eu não quero mais
Sou teimoso
E continuo a escrever , mas só mais um momento
Pra piscar pra você, meu destino, vê se me escuta
E te botar pra correr atrás de dinheiro e outras coisas
Que envolvem ciência do assunto
E deixar correr
Atrás de mim, quando estiver tudo certo
Pra eu invadir o palco, e sair detrás da cortina
E entrar em cena
Pra poder
Retomar minha fala
E agora sim, me despeço
Com um ponto final
Ponto.
Acabei.



Bruno Mendes


sexta-feira, 16 de março de 2012

por onde vou

eu gosto dos que têem nome
dos que morrem de saudade
dos que secam por temê-la
dos que invadem
e assim, recontam historias que fazem valer a pena a vida
pena da dor que sente
o inocente, que sem saber
transforma suas dores serenas
em silencio pra nao sofrer
pena do passaro que vai
transcendente, por só poder
bater suas asas em rota
destino qualquer  corroer
e corroi, o nome, a saudade, o temor, a invasao
e tambem a evasao
que causa afetos em cascata
iluminando de escuros em constelaçao
naufrago no silencio mudo
do inocente e seu bem querer
voando sem ser passaro que escuto
em minhas asas bater
transformo as dores desse mundo
em razao fixa para esquecer
a evasao que causou, mas contudo
inda serve pra amanhecer
destituo lembranças ou numeros
do lembrar que nao vou mais tecer
e bato asas, profundo
ao destino que vier
e reconhecer.

Bruno Mendes

minha resposta ao tempo

se nao bastasse o tempo, falacias
pra deixar mauagouro pra tras, sintaxes
e simbolos pra eternizar certa coisa que nao se quis proteger
continuo em minha escrita a saltar, mauagouros pra bem lograr
meus abraços e beijos teus

como bastasse o vento pra aliviar
brisa instante e distinta a soprar
em meus ouvidos e orelhas a fala de uma centelha
que me insiste em queimar
incertezas

se pudesse o relogio tardar
minhas trilhas pra me levar de volta aqui, ali, acolá
nao importa, vou vagando, incerto de ti
como se um dia inda fosse alcançar, teu amor
minha herança

como faço pra ver-te, verter no horizonte um chegar
que me leve pra um outro lugar
onde enfim vou de mim degustar
o quereres
minha continua lembrança

como fico pra me declarar, minhas maos ja me estao a rogar
que te leve em meus versos 
onde eu possa talvez só ficar, de bobeira
quando um olho te enxerga a bailar
uma dança que nao me dá na telha

ouço entao só pra te contestar
um soneto pra me debulhar, em pedaços
como fosse pele de ovelha
que quietinha no seu lugar
tosou de uma rima vulgar, o calor que pulsava na veia

eu te clamo, a me refastelar
e estatelo em tal coisa que creia
como fosse pra te convencer
a me amar
e calar-me de tantas besteiras.

Bruno Mendes

quinta-feira, 15 de março de 2012

inconsistencias

o tempo que se foi
a escolha que se perdeu
o novo pra tras ficou
o momento que pereceu
padeceu, contudo, a angustia da ingratidao
que virou pagina virada
no meu e no seu coraçao

o tempo que ficou
a escolha que nao morreu
o novo que transformou
o momento que careceu
reviveu, intacto, a luxuria de um sonho lucido
que virou carcere privado
da minha e da sua contemplaçao

o tempo que restou
a escolha que se prestou
ao papel de envelhecer
o momento continuou
insistiu, perdurou, me inscreveu
e virou territorio do desejo
no realizar meu e seu

o tempo que nao calou
a escolha que gritou
o novo que delatou
o sabor de requerer
bateu no peito, chicoteou e encarnou
revirou meu bem querer
no meu e no seu parecer

parece que o tempo, andarilho errante sem vias de fato
encurtou caminhos pra chegar ao lastro
de um algo que nao se deu
e ainda assim, caminhante
errou e voltou tantas vezes se ofereceu
um caminho de volta ao sextante
de onde teve inicio um amor
que nao bastou o meu e o seu.

Bruno Mendes

domingo, 11 de março de 2012

Amores


Minha espada de são jorge
Minha fala, minha atitude
Minha marca, meu acúmulo
Meu desejo em malicia
Sou água, sou forte
Sou terra, do fundo, do fundo do mar, segura
E o rumo que me orienta não se aponta distante
Umbigo, ungüento, humor, trote
E aquilo que me sustenta não se encontra na mesa
Mas eu sei que busco, resposta
Allure, vicio, momento, corte
E marco encontro com o Tempo, pra rodar a ampulheta
E mudar a direção
Não sou bento
Não sou santo, sou mártir, cálice, bento
E me traga de novo onde eu andar, sorte
E insisto contigo
E persisto
- Meu delírio é que me faz, gente!
E texto, escrito ou justificado
Em resposta ao vento
Paixão, monção, não pudor, galope
E eu consigo
Ressuscitar minha imaginação, disso eu brinco
E incorporo no tempo
E abençôo as palavras, como não foram torpes
Isso eu sinto
E não sei se digo, assim seja! ou amém!
Digo poesia, e pressinto
Coloque-se à minha disposição, tais instrumentos
Nisso eu fico
E digo que te amo
Pra encantar o bem
E ficar
Com as portas e janelas direcionadas no intento
De chegar onde quer como se fosse ontem, e pedir
Não se esqueçam de me iluminar no sonho
Desse eu vivo
E que possa re-girar a rosa dos ventos, de outros
Com muito amor e paz pra tranqüilizar
E seguir passo a passo, e dissertar o que restou
E que faz parte de mim e me faz lírico
E digo até breve pra renegar a saudade
E não escondo
Inda digo Adeus, para não arder mais
Na mesma chama que me fez sentir que era vivo
E reclamo, poesias pra representar
Deslocamentos de lugar, pra me dar calmaria
E deslocamentos no seio
Do impulso
Pra ter forças pra mergulhar sem precisar de fôlego
E termino
Olhando a luz do sol a me afeiçoar
E recarregar meus próprios downloads
E repetir num ponto
O de recomeçar
Quem sabe agora sem olhar pra trás, só pra frente
E pra cima
Pra me guiar de luas e estrelas
E me guio
E não sei como continuar
Sem lamurias e agruras e martelos de bruxas
Mas com o dom da palavra, para me encerrar.


Bruno Mendes