terça-feira, 16 de outubro de 2012

abrigo



Hei, amigo, onde vais?

Vou me buscar pra la de la bem longe
E pra que voltar?
Sigo as setas, dobro as retas
Acho certas contas
Acerto as contas
dos caminhos a voltar

Me retirar esconde o que há de mim
se retirar esconde o que há de si
E não me verba, e nao te verbará
E ver os olhos rasos d’água
E soltar flechas como pedras nessas águas
Que insistem em te rodear

Amigo, sabe que o andar exige tréguas
Exibe paralelas que só servem pra cruzar
E que rusgas mais vais querer carregar
Bota esse peso no caminho e deixa o mundo te respirar

Pra que? Pra entorpecer de virgulas incertas
Pra deturpar as falas como rezas
Pra emudecer o que ainda tenho pra falar

Então fala
Solta a voz numa canção
Exala
Exílio íntimo não tarda perscrutar
escrutinio talvez seja o que eu diga
E a sílaba que muda é a que vai mudar

Ainda me resta pouco a pouco, gota a gota uma falácia
Que ainda me pego olhando a vida de pirraça
Contrariando o que não cabe nessa cela
De rimas fáceis, de caminhos que não leva
De muita coisa ainda tenho pra contar

Então me conta
Então me ilude com a linguagem descoberta
Quero saber por quanto tempo ainda resta
Esse meu verso que não tarda me será

Miséria
Inda é tão pouco que não cessa
Arrasta os dias, vai olhando pelas frestas
Fazendo festas para quem só sabe olhar


Espera um pouco, vê se me conta esse contato tão contigo
Cabe na linha o azul tão derretido
A tinta e a folha também podem ser abrigo
Borram, vem logo, me abrigar.



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